segunda-feira, 18 de outubro de 2010

124.


Foto de M

A madeixa do Outono e a natureza das coisas.

Breve o cântico verde das árvores, efémero o sussurro dourado do sol que lhe toma o lugar entrelaçando ilusórios fios de filigrana nos corpos cansados dos pássaros. Entorpecido o voo, encarquilhadas as asas, espreita-os o vento e deles se compadece. É suave o sopro do vento. Venham comigo. E eles vão. Descem devagar, cada um agarrado ao dorso de uma folha seca a dançar no ar o movimento do tempo nos seus permanentes avanços e retornos. Quando tocam o chão, apenas os meninos de passos leves os vêem e os levam para casa dentro das suas mãos pequeninas.

M

5 comentários:

Justine disse...

A poesia suave,doce, onírica, entrelaçando o teu texto e a tua fotografia. Muito belo, M.

Anónimo disse...

Ah... que bem se reflecte
no Outono
e no rir-ser-criança
que vemos-ave.
Poético sem rima, prosa de poesia e fotografia-poema. Será que se entende?
Bj da bettips

Licínia Quitério disse...

Ver para além do que é visível. Sentir o lugar e a "natureza das coisas", como num sonho. Só os meninos vêem os pássaros e os acarinham no seu tempo de inocência.

Fico leve depois de ler este texto. Obrigada, M.

Manuel Veiga disse...

belissima "madeixa de Outono".
(como te "invejo" a imagem poética!)

sublime a tua escrita. em sua delicada e harmoniosa textura...

beijos

batista disse...

belíssimo texto, emoldurado por um ramalhete que me lembra a florada do ipê-amarelo...

parabéns!