quinta-feira, 10 de maio de 2012

175.

Foto de M

Ao olhar para cima vi-os. Estavam à beira da estrada florestal, empoleirados entre a terra e o céu, desmembrados os corpos, negro o silêncio de gritos sem nome esvaindo-se dentro das bocas escancaradas. Medonha, desajustada e desumana esta presença pesada de materiais amassados devorando a pureza de uma mata belíssima onde espreitam coelhos e lebres entre as fragrâncias do arvoredo e o canto dos pássaros pousa leve sobre as giestas em flor. 
M

8 comentários:

Manuel Veiga disse...

que as flores (te) amaciem a paisagem. sempre...

beijo

Justine disse...

A tua foto sublinha muito bem o que transmites no texto: é quase ameaçadora!

R. disse...

Invasores de um contexto ao qual não pertencem, mas que ainda assim lhes resiste.

Anónimo disse...

Nascemos para consumir, nascemos consumistas. E a desperdiçar.
Por isso a terra o arvoredo o canto as giestas ah, como nos são importantes.
Beijinho M
Bettips

jorge esteves disse...

E o medonho multiplica-se, vezes infindas, cravadas na paisagem, um pouco por todo o lado, devorando o verde e calando os pássaros.
abraço.

Mónica disse...

nem parece teu ;)

jorge esteves disse...

É, outra vez, o computador?...
abraço!

Anónimo disse...

Reflicto sobre o Tempo, o que vivemos na estrada imensa - nos parece - e o que nos resta percorrer; um à brisa da vida, outro ao vento da morte. Animais na paisagem do universo, só falar/pensar nos defende e diferencia do húmus.
Bjinho da bettips